De família judia, o presidente do Conselho da Porto Seguro, Jayme Garfinkel, cresceu ouvindo os pais lamentarem que, durante a Segunda Guerra Mundial, as comunidades vizinhas dos campos de concentração fecharam os olhos para o que acontecia. Hoje ele entende o porquê, “como pessoas comuns podiam lutar de frente contra o Nazismo?” Mas essa indignação de sua família foi a inspiração para fazer algo pelos presos de seu país. Hoje ele apoia a Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APAC), entidade que aplica uma metodologia de recuperação e de ressocialização de presos.
Junto do sociólogo e coordenador científico do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Sérgio França Adorno de Abreu e do presidente da APAC de São João Del-Rei, Antônio Fuzatto, eles discutiram formas de combater a violência e como humanizar os presídios e reintegrar ex-condenados.
Antônio explicou como funciona a associação: “Na APAC os presos não são números, são chamados pelo nome, temos um trabalho de empoderamento do preso, que são chamados a tomar responsabilidade pelos seus erros”. Ele explica ainda que todos estudam, fazem cursos profissionalizantes e ajudam a cuidar da instituição. “Nós cuidamos da nossa própria alimentação, limpeza e segurança e nem 1% foge”, conta orgulhoso.
Carlos Roberto, recuperando da APAC, emenda “não se foge do amor”. O jovem foi condenado a mais de 15 anos e hoje conta que mudou de vida na associação. “Não sabia fazer nada fora do mundo do crime, mas lá dentro acreditaram mim, hoje sou formado em administração”. Carlos contou a história de como ingressou na criminalidade e se recuperou, emocionando todos os presentes.
Jayme reforça que o resultado desse trabalho é visto nos níveis de reincidência: “Os índices de recuperação são de 80%”. Sérgio completa dizendo que no sistema prisional comum, a cada dois libertos um volta dentro de cinco anos, “os presídios são escolas do crime, comandados por organizações criminosas como o PCC”.