Relatório da Susep aponta crescimento de 13,7% do mercado nacional frente aos três primeiros meses de 2023
Em tempos de pandemia e catástrofes naturais, o setor de seguros fica aquecido. Vivendo o drama dos outros, pessoas e empresários passam a pensar em ações preventivas para suportar este tipo de situação de forma mais planejada. Porém, antes mesmo da catástrofe que assolou o Rio Grande do Sul, o setor já dava sinais de aquecimento.
É o que revelam os dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). De acordo com o relatório divulgado, a arrecadação do setor no primeiro trimestre do ano foi de R$ 102,95 bilhões, registrando um crescimento de 13,7% em relação ao mesmo período de 2023.
A presidente do Sindicato das Seguradoras de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal, Andreia Padovani, atribui o aquecimento do setor ao afloramento da cultura do seguro na sociedade e aos fenômenos da natureza. “A pandemia trouxe uma maior conscientização da sociedade em proteger suas vidas e seus patrimônios. Além disso, temos presenciado as intempéries climáticas que vêm acontecendo no Brasil na última década”, argumenta.
A economia é outro fator que impacta os negócios da indústria securitária na visão da presidente do Sindseg. “Quando a gente tem uma boa empregabilidade, as pessoas têm renda, têm condições de destinar parte dos seus orçamentos familiares para adquirir apólices de seguros para suas necessidades”, analisa.
Outra influência que Andreia Padovani pontua são os bons resultados da produção de veículos. “Quando a cadeia automobilística aquece e mais veículos são fabricados, mais seguros são feitos”, comenta. No relatório da Susep, os dados nessa área revelam estabilidade. Na linha de negócios do seguro automotivo, os prêmios atingiram R$ 13,3 bilhões no primeiro trimestre de 2024, valor 0,1% abaixo ao do mesmo período de 2023.
O setor automotivo é um dos setores mais importantes para a indústria securitária de Minas Gerais, de acordo com a presidente do sindicato. “Minas é um Estado relevante na economia do País, sendo responsável por grande participação no PIB nacional. A arrecadação de seguro de automóveis no Estado supera os índices de crescimento nacional, muito explicado pelo crescimento da frota de veículos no Estado”, reforça. Conforme dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto), a venda de veículos avançou mais de 10% no primeiro bimestre em Minas Gerais.
Ainda conforme os dados do relatório da Susep, os segmentos de seguros de danos e pessoas, excluindo o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) – que é o plano de previdência privada criado para alcançar a população de renda mais baixa ou que está no início da vida profissional -, apresentaram crescimento de 9,69% no acumulado até março de 2024, com uma arrecadação de R$ 48,32 bilhões frente ao mesmo período de 2023, quando a arrecadação foi de R$ 44,05 bilhões.
Considerando apenas os seguros de pessoas, a alta foi considerável, sendo o segmento de maior crescimento no período. Foram arrecadados R$ 60,36 bilhões até março de 2024, representando um crescimento de 19,8% em relação ao mesmo período de 2023.
Já os seguros de danos, de acordo com o relatório da Susep, tiveram alta de 6,8% na arrecadação de prêmios na comparação do acumulado do primeiro trimestre de 2024 com o mesmo período de 2023. Foram recolhidos R$ 31,58 bilhões no acumulado até março de 2024, ante aos R$ 29,58 bilhões do mesmo período do ano anterior.
Na linha dos produtos de capitalização, a alta da receita foi de 4,2% nos primeiros três meses do ano em comparação ao mesmo período de 2023. Foram arrecadados R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2024.
Seguradoras já se preparam para impactos do RS
De acordo com a presidente, o Sindseg está seguindo as orientações da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Ela explica que ainda não há números oficiais de qual vai ser o montante de todas as indenizações a serem reclamadas nas apólices de seguros vigentes, porém garante que estão preparados.
“As companhias seguradoras que operam e têm clientes segurados no Rio Grande do Sul estão a postos para dar todo o apoio e respaldo nesse momento, oferecendo suas equipes e toda assistência para que a gente possa trazer de uma forma tranquila, breve, ágil, rápida, uma maior tranquilidade para os segurados”, diz.
Nesse cenário, a presidente do Sindseg comenta que é “imperativo” uma organização e um planejamento futuro para enfrentar os problemas climáticos daqui para frente. “Precisamos refletir e nos prepararmos para saber lidar com a gravidade das intempéries climáticas do Brasil. O mercado segurador necessita buscar caminhos para ter um bom planejamento e uma boa organização. E o País, desenvolver planejamentos para se alcançar uma infraestrutura adequada das cidades”, comenta.
Mais de R$ 50 bilhões retornaram para a sociedade
Quando analisados os valores que foram retornados à sociedade por meio de indenizações, resgates, benefícios e sorteios, o relatório da Susep mostra que o montante soma R$ 56,7 bilhões, representando uma redução de 5,14% em relação ao mesmo período de 2023.
Para Sindseg oportunidades são muitas em 2024
O ano de 2024 é de muitas oportunidades para o setor segurador de Minas Gerais, na avaliação da de Andreia Padovani. Para ela, o Estado conta com a força da indústria, principalmente dos segmentos de bens de capital, mineração, siderurgia, e também é considerado um polo tecnológico brasileiro. “Nesse sentido, serão várias as oportunidades de seguro nessas áreas de negócios que também vão envolver os serviços de saúde, bem-estar, tecnologias de inteligência artificial, realidade aumentada, também segmentos ligados à alimentação saudável e sustentável, assim como também os negócios digitais, como o e-commerce e o marketing digital”, aponta.
Fonte: Diário do Comércio
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