O setor de seguros de transporte no Mato Grosso registrou um crescimento significativo nos primeiros meses de 2025, com arrecadação de R$ 74,3 milhões, um aumento de 8,1% em relação ao mesmo período do ano anterior. As indenizações pagas pelo setor também subiram para R$ 19,2 milhões, com uma variação de 1,4%. Esses dados, fornecidos pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), refletem uma tendência crescente de preocupação das empresas com a proteção contra os riscos elevados no transporte de cargas, especialmente considerando o número alarmante de acidentes nas rodovias do estado.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Mato Grosso está entre os estados com maior número de ocorrências graves envolvendo veículos de carga. Nos últimos cinco anos, foram registrados 50 acidentes com carretas, caminhões, ônibus e micro-ônibus, o que ressalta a urgência em garantir a proteção adequada aos bens transportados.
Marco Pitta, representante regional do SindSeg MG/GO/MT/DF em Cuiabá, destaca a importância da contratação de seguros de transporte diante desse cenário. “O aumento na arrecadação é um reflexo claro de que as empresas estão buscando se proteger mais, em resposta ao crescente cenário de insegurança nas rodovias. O papel das seguradoras em mitigar prejuízos e garantir a continuidade das operações logísticas é mais crucial do que nunca.”
A falta de descanso adequado para motoristas e a péssima qualidade das estradas contribuem diretamente para o elevado número de acidentes. A Lei 13.103, sancionada em 2015, exige que motoristas de veículos de carga tenham 11 horas de descanso a cada 24 horas, mas a não adesão a essa regulamentação tem levado a infrações e agrava a exposição ao risco.
O estudo da Pesquisa CNT de Rodovias 2024 revela que, das estradas avaliadas no Mato Grosso, 80% estão em condições regulares a péssimas, o que aumenta ainda mais os riscos para os motoristas e, consequentemente, para as empresas.
“Além de cobrir perdas em acidentes, o seguro de transporte é uma ferramenta essencial de gestão de risco para o setor logístico. Ele não só protege a carga, como também resguarda as empresas de prejuízos operacionais, contribuindo para maior previsibilidade financeira. Isso é vital, principalmente em regiões como o Mato Grosso, onde os gargalos estruturais amplificam os riscos”, afirma Marcos Siqueira, presidente da comissão de Transporte da FenSeg.
Os desafios estruturais das rodovias e o crescente número de sinistros no Brasil, que já superaram R$ 900 milhões em indenizações somente nos primeiros meses de 2025, tornam o seguro de transporte não apenas uma exigência contratual, mas também um diferencial competitivo e um instrumento essencial de segurança econômica para as empresas.

