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Uma das consequências da evolução tecnológica é a integração cada vez maior das pessoas com o mundo virtual. O comércio digital, as redes sociais, plataformas de reuniões e todas as mais variadas funcionalidades dos “apps” fazem com que consigamos (ou tenhamos que) gastar muitas horas diárias com a atenção plugada na rede mundial de computadores.

Dentre tantas inovações, há uma tecnologia muito conhecida dos adeptos de jogos, chamada de Realidade Virtual (RV). Ela gera um ambiente – por meio de um sistema de computador – com cenas e objetos que parecem reais, fazendo com que os usuários se sintam dentro desta realidade. Essa tecnologia já foi muito utilizada para criar simuladores de vôos, possibilitando o treinamento de pilotos e até a criação de protótipos de aeronaves. Há ainda a Realidade Aumentada (RA), que insere imagens virtuais em nosso próprio mundo, como aconteceu com o jogo Pokémon Go. A junção de ambas as tecnologias é conhecida como Realidade Mista (RM), que permite ver objetos virtuais no mundo real e construir uma experiência em que o físico e o real não tenham distinção.

O Metaverso não se confunde com a Realidade Virtual, pois se trata de um ciberespaço onde os humanos (com seus avatares) podem interagir social e economicamente. É um reflexo do mundo real, mas sem suas limitações físicas.
O metaverso mais famoso é aquele criado por Mark Zuckerberg, denominado “Meta Horizon”, mas existem atualmente 43 plataformas com o mesmo propósito, destacando-se o Decentraland, The Sandbox e Hyperfy.
Não é difícil encontrar críticos e descrentes ao metaverso entre os especialistas de tecnologia, em razão de seu custo para os investidores e usuários ou simplesmente por não ter “viralizado”. Contudo, há quem ainda veja um futuro
bastante promissor a longo prazo para esse ambiente compartilhado.


Bate-papo com Emir Zanatto 

SindSeg: Emir, indo direto ao ponto: o Metaverso será, de fato, implementado e amplamente utilizado pelo setor de seguros ou essa novidade tecnológica já ficou no passado, como muitos técnicos defendem?

Resposta: Ela está começando. Metaverso é mal entendido por quem apenas ouviu falar ou por técnicos que apenas lêem as opiniões. O que temos de fato é a aplicação em larga escala na indústria de ponta no mundo todo. Temos exemplos de aplicação de Digital Twins em cidades como Helsinque, Las Vegas e Phoenix; empresas, como o case de placas solares da Nvidia; e indústria, como Amazon e BMW. Essa é uma tecnologia que permite colocar em ambiente computacional o mundo físico, real. Com todas as regras, desgastes e deformações. Um exemplo para a indústria de seguros: imagine um prédio inteiro inserido em ambiente digital (famoso metaverso), e além das questões de dimensão, estão nele os acabamentos, mobiliário e, com isso, todos os materiais envolvidos. Sabemos, por exemplo, que os bombeiros levam 17 minutos para chegar nesse determinado endereço. Pronto. Agora é possível modelar todos os tipos de danos, catástrofes e perdas, e quais os impactos reais e prejuízos envolvidos. Isso permite não apenas precificar, mas principalmente, melhorar o apartamento ou indústria para que os impactos sejam os menores possíveis. Minha dica sobre esse tema é que leiam mais sobre Digital Twins.

SindSeg: Mark Zuckerberg declarou em 2021 que o metaverso será o sucessor da internet móvel. A Apple apresentou recentemente o Vision Pro, seu óculos de realidade mista. E a Microsoft lançou, em Janeiro/24, o Mesh, sua plataforma virtual de encontros e reuniões, conectada ao Teams. As relações de trabalho caminham na direção de uma completa virtualização ou ainda haverá espaço para interações presenciais?

Resposta: Sempre haverá. A Apple introduziu o conceito de “Spatial Computing”, que poderia ser traduzido
como “Computação Espacial”. Assim como o celular se tornou essencial para a conexão e os negócios no mundo, esse novo pilar, acredito, será muito direcionado principalmente a dispositivos como o Vision Pro, HoloLens, Meta Quest, entre outros que virão. Esses devices serão amplamente adotados, mas não suprirão completamente a necessidade humana de interação presencial. As pessoas podem sentir essa necessidade em maior ou menor grau, mas, como seres sociais, temos uma necessidade intrínseca dessa interação.

SindSeg: Você mencionou no evento “Transformação Digital do Corretor de Seguros, realizada em Novembro/23, que a Realidade Virtual poderá ser utilizada para realização de vistorias e regulação de sinistros. Poderia explicar com mais detalhes como isso ocorreria, na prática?

Resposta: Sim. Há 10 ou 15 anos seria impensável ter a maior parte das vistorias de seguro para automóveis sendo feitas pelo celular. Ou então 90% das vistorias de coberturas de farol, lanterna e parachoque. Basta que as pessoas tenham o device e que seja acessível. Com isso, não há dúvidas que o modelo permitido por ele é melhor em muitos casos do que o que temos hoje. Exemplo: se o segurado precisa de uma assistência de um equipamento em indústria ou no carro, e possui um dispositivo como esse, o serviço é prestado por uma pessoa de forma remota, guiando e auxiliando. Isso já é feito em ambientes profissionais e industriais de manutenção, como a GE. Pois os devices ainda são caros. Mas como abordagem e tecnologia, é muito mais eficiente para as Seguradoras e Segurados.

SindSeg: A formação de profissionais qualificados e engajados para trabalhar como corretores ou securitários é um ponto de atenção e investimento constante do setor. A Realidade Virtual, que exige a utilização de equipamentos como porta de entrada para um ambiente integrativo, é economicamente vantajosa e realmente um diferencial, para a finalidade educacional?

Resposta: Não vejo a barreira. Na realidade, acredito que seja exatamente o oposto. Ela tira a barreira. Para me formar como Corretor eu precisaria, antes da pandemia, ir até uma unidade de ensino. Gastar com transporte e me alimentar fora de casa. Hoje basta você usar o seu celular. Que você já usa para 1.000 outras finalidades. Isso sem pensar em quem possui qualquer dificuldade de locomoção, por exemplo. A tecnologia que será usada no futuro será aquela que estiver com grande aderência às pessoas. Como foi com o celular. Tecnologia será cada vez menos
barreira ou diferencial. Ela se torna a base, o básico. O real diferencial é o conhecimento. E, de fato, como você aplica. É a parte técnica e os relacionamentos que as pessoas criam em ambientes de aprendizado. Se é virtual ou não, acredito que seja menos relevante. O fundamental é que todos tenham acesso.

SindSeg: Por fim, você consegue enxergar a Realidade Virtual e o Metaverso como um veículo eficaz para difundir a cultura do seguro no Brasil?

Resposta: A nossa falha na indústria é entender que ela está fora do dia a dia e da sociedade. Seguros precisam ter as lógicas e as jornadas que as pessoas estão dispostas a ter, não as que nós da indústria gostaríamos. Nós concorremos com o Spotify, Mercado Livre, Netflix ou TikTok, seja por atenção ou valor que as pessoas estão dispostas a pagar. Qual o valor real dos seguros que estamos entregando, no dia a dia? E como estamos aprendendo com outras indústrias? Todas as ferramentas e tecnologias são meio. Não são fim. O que importa é entendermos de gente, desejos, jornadas e experiência. Isso é fundamental. Então, sim. Acredito que qualquer tecnologia ou iniciativa que consiga propagar a importância e os benefícios do seguro contribuem para aumentarmos a penetração do mercado.

Crédito da imagem: Freepik 

Seguro de A a Z: Acesse aqui o glossário com os principais termos do mercado.